Figuinho da capa rota
É tão pobre e tão rotinho;
Figuinho da capa rota
Foi rota devagarinho
Figuinho da capa rota,
Ai quem te quer almoçar
Figuinho da capa rota
Eu nem o posso provar…
Figuinho da capa rota,
Verde nos primeiros tempos
Veio o Sol e veio a Lua,
Vieram chuvas e ventos.
Figuinho da capa rota,
Que nasceu da mãe-figueira,
Teve sóis e teve luar,
Pássaros à sua beira.
Figuinho da capa rota
Bicado pelos passarinhos:
Figuinho da capa rota
Ninguém lhe põe remendinhos.
Figuinho da capa rota
Tornou-se da cor do mel;
O tempo veio rompê-lo,
Rasgou-se como papel…
Mas agora a mãe-figueira
Está com folhas e sem fruto,
Que o verde é sua maneira
Muito simples de pôr luto.
Araújo, Matilde Rosa , Livro da Tila.
Coimbra: Atlântida Editora, 1973,p.73
Recolha: Maria do Carmo Costa
*Obra do acervo da Biblioteca desta escola
sábado, 2 de maio de 2009
"Figuinho da capa rota", Matilde Rosa Araújo
Etiquetas:
Literatura Portuguesa,
Matilde Rosa Araújo,
Natureza,
Poesia,
Poetisa Portuguesa
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